22 de junho de 2009

As férias do submundo

Celebrar a vida e a diversidade, sem nenhum motivo especial. Foi isso que fizemos aqui, no Rango Rock, neste sábado 20 de junho. Chikão e Roberta, Bacural e Lê, Guga Valente, minha esposa e eu – esse timaço formado de personalidades diversas – tomamos uns e umas, ouvimos muito rock, a contragosto de Adrielle e Lê, que não são adeptas das guitarras destorcidas, experimentamos queijos e comidinhas de boteco feitas pelos anfitriões, enfim, farreamos.
No meu toca CD rolou de tudo um pouco, dentro do mainstream. Isso mesmo, nada de bandas podronas da cena do old school east side true crew muthafuka da Islândia ou da Finlândia dos anos 80. Nenhuma sequer com tremas ou fontes de old english nos nomes. Nenhuma demo de edição limitada de 20 cópias da cena de Osasco de 82. Neste dia, a molecada do Ímpeto tirou férias do submundo. Ouvimos Nirvana, Ramones, Coldplay, Pearl Jam, Metallica, Iron Maiden, Bad Religion e outros tantos nomes que são manjados na MTV e no escambau. A gente também tem direito.
Houve uma única exceção. O último e nem tão novo CD do Motherfish. O papo sobre rock caiu na vertente depressiva. Não que o Motherfish o seja. Mas não há como não evocar a banda e sua melancolia bem trampada num papo assim. E ainda conta que o Bacural não conhecia o trabalho, então resolvi mostrar.
Tombamos 4 garrafas de vinho, todos cotidianos, nada de sofisticado. Um rótulo nacional branco chardonnay, um português estremadura do Dão Sul, filho da puta de encorpado, tanino. Além de um chileno cabernet sauvignon bem melhor do que qualquer outro que eu já tinha provado, nestes 2 anos de estudos, e um sul-africano pinotage comprado a módicos 20 mangos, eleita a melhor garrafa da noite. Em média 23 reais a garrafa, é o que diz a calculadora do meu celular.
Não cheguei a abrir a Sagatiba Velha que eu tenho aqui. Fiz o oferecimento, mas não houve macho que a encarasse.
Cerveja boa à revelia: Brahma Extra ($0,99 no Carrefour Sul, numa promoção relâmpago), Bohemia, Teresópolis e Devassa Loura, todas pilsen.
No cardápio ainda constaram 7 tipos de queijos, entre nacionais e importados. Porção de alcatra no pimentão amarelo e vermelho (apelidada por mim de espanhola), uns frios, amenidades, etc. Sim, foi uma esbórnia pantagruélica. De tamanha magnitude que despertou minha enxaqueca, adormecida há uns bons meses. Crise pós-cachaçada, que arrematou meu domingo.
A diversidade de sabores, perfumes, aparências e texturas do cardápio, é a cara do gosto coletivo que rolou no som dessa noite. Nada de extremismos, apenas sentindo que a “cultura rock” é tão abrangente que poderíamos ficar mais de um milhão de noites apenas pra sacar som. E que isso convive numa boa, no mesmo ambiente, se há um mínimo de tolerância. Estive num fantástico jantar na casa do Guga, onde saboreei uma fraldinha assada espetacular, copiada descaradamente em minha casa uma semana depois (e que não executei com a mesma perfeição, diga-se). Na ocasião, bebemos vinhos muito bons, cerveja boa, com excelente companhia. E ouvimos muito Jazz. Daquelas big bands, tipo deprê dos anos 30, e aqueles mais animadinhos já dos 50. A diversidade é uma virtude alcançável a qualquer mortal. Não precisamos viver o tempo todo pregando que o capitalismo é um mal ou que a fome que assola a África é fruto do imperialismo. Podemos aproveitar a diversidade e absorver aspectos culturais novos que estão diretamente lincados com o mundo do rock. Sem deixar de considerar a raiz hardcoreana.
Quem não conhece o Guga Valente, poderia imaginar que o guitarrista do Ímpeto, banda referência da tosquice anti-cena-profissional, gosta de Shakemakers? Ou que este que digita de cá tem tudo do Coldplay? Ou que o Bacuras, hardcore até o osso, é fã de Alanis Morissette?
Noite em que percorremos muitos lugares diferentes, dentro de uma sala de oito metros quadrados. Noite em que a síndrome dos 30 pegou a gente de jeito (aquela mania de pensar que já estamos velhos), trazendo saudosismo dos bons tempos, que o foram simplesmente porque NÓS estávamos lá. São 15 anos de cena, de minha parte, acho que uns 17 por parte do Guga e Bacural, que são mais velhos que eu (he, he, he...).
E disse o Rock n’ Roll:
“ – Bem aventurados os partidários da diversidade, porque eles são os fodões”.

4 comentários:

Unknown disse...

velho, fodão tava aquele gouda e aquele pinotage. o resto foi história boa.
a próxima é aqui em casa traveiz.

Anônimo disse...

Pô!!!! Me convidem!!!!

Lulu Star

Matheus Iron disse...

kkkk, tô aqui imaginando o André cozinhar....

Cia. Trapaça disse...

Rango bom e música ruim hehehe...
exceto Ramones e Iron Maiden.

Israel