20 de julho de 2009

Rolê pelo melhor preço: de graça. Cocktail Molotov no DCE.

O rolê do Rango Rock desta segunda-feira trás uma novidade: um colaborador especial. Bacural, meu amigo de longa data, narrará o que foi, para ele, o Cocktail Molotov, gig que rolou no DCE na sexta 17. Eu estive na parada, mas não trabalhando. Só curti mesmo, he he he...
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Ademais, este é o último "número" antes de uma reformulação gráfica pela qual o blog irá passar. Teremos nova logo, nova apresentação, mas a proposta será mantida. Esse rolê também marca um "tempo" que iremos proporcionar à cena hardcore. Nos próximos, visitaremos outras paragens roqueiras por aí. Novo número só em agosto.
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Para despertar a ansiedade de alguns (poucos) leitores, no sábado deixei oito K-7's para serem digitalizadas. Nenhuma delas tem menos de oito anos. Você gosta de CFC? Rat Salad? Desordem Progressiva? Choice? Psico&Ataq? Aguarde.
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Ah! ESTE BLOG ENTROU DE FÉRIAS. Escrevo tudo isso numa parada estratégica aqui em Anápolis. Seguiremos viagem amanhã, para o Tocantins. Há 50 caixas de cerveja na bagagem. Barata e boa, nossa amiga Brahminha.
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Chega de blá, blá, blá. Bacuras, companheiro de fé, dizaê como foi esse rolê:
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COCKTAIL MOLOTOV 17/07 COM MACACOS GORDOS, ANESTHESIA BRAIN, CORJA, NIEU DIEU NIEU MAITRE (CURITIBA), SEÑORES E SIEMPRE LOKO. DCE- UFG

Sexta feira 17 de julho, Goiânia, férias escolares. O que fazer nessa capital, se você não foi para o Araguaia? Ir para um show underground? Sim, isso mesmo, mas não seria um show qualquer. Esse seria um dos mais impressionantes shows que já vi nessa minha pobre vida de rockeiro trintão, começando pelo nome do evento: COCKTAIL MOLOTOV. Agressão iniciada pelo nome do evento.

O local: O DCE-UFG, ou melhor, um anexo do DCE-UFG (vou chamar o local de INFERNIN), um local que, mal cabiam 25/30 pessoas lá dentro! Aparelhagem? Três cubos, sendo um da marca Framm, uma bateria que tinha como suporte para não deixá-la movimentar um pneu de carro (você não está entendendo errado não!), um microfone, pedestal de microfone – uma vassoura – e a iluminação feita por um refletor que se apagava a todo o momento.

Você deve estar pensando: deve ter sido uma desgraça, ainda bem que eu não fui! Pois bem meu amigo, se você não foi você perdeu, sabe por quê? Vamos por partes...

Primeiramente a força de vontade do organizador, o Sr. Burns, que não é dos Simpsons e não tem nenhuma grana, sua força de vontade foi imensa ao fazer o evento totalmente DO IT YOURSELF ATÉ O OSSO! Foi de graça, sem nenhum flyer, sem nenhuma segurança, sem bar (quem queria bebidas, tinha que andar um pouco ate o bar mais próximo) e comida vegana, apenas com o espírito de fazer algo acontecer. Parabéns!

Por isso notou-se que no público – acredito que somando todos que estavam no evento deu mais de 150 pessoas no local – havia a moçada do hardcore, crust, punks, metaleiros, skaters uma miscelânea cultural, ou seria contra cultural? Não interessa, até agora tudo transcorria bem...

A primeira banda a tocar foi o MACACOS GORDOS de Inhumas, banda que entrou na programação por iniciativa do publico que pediu o show deles pela internet. Os caras tocaram um set de mais ou menos uns 30 minutos. Apesar do público esta frio ainda, agitaram bastante com seu som meio HC/punk com umas pitadas de rock nervoso.

A segunda banda a tocar foi o ANESTHESIA BRAIN, na qual essa pessoa que escreve é o “cantor”. Pense você uma banda com mais de 14 anos de existência, quase todos já tem mais de 30 anos e querer tocar musica rápida, o que pode sair? Pois bem, me surpreendeu, a aparelhagem apesar de precária segurou todo o som – o vocal que tava sumido, mas tudo bem – e o publico agitou de forma insana, louca, animal!!! Lindo. Fazia tempo que não via um show tão insano na vida.

Logo depois veio o CORJA, ou seria a CORJA? Segundo, Camboja e Daniel, o Power Trio. Fizeram um set com musicas bem variáveis, com um suporte de microfone que inicialmente tinha um cara que segurava para o Segundo cantar e depois fizeram uma “gambiarra” com uma vassoura... uma vassoura!!! Tem que comentar mais alguma coisa depois disso?

Logo após veio a atração da noite. Com dois membros de SP e os outros dois de Curitiba, sobe ao palco o NIEU DIEU NIEU MAITRE. Nem sei como definir o som dos caras, seria algo como Finlândia anos 80, com atitude Black Flag e o anarquismo do Los Crudos – não entendeu? Que pena, então perdeu o melhor show que Goiânia viu até agora em 2009 – com discursos anarquistas, antisexismo (com destaque para o vocal que ficou totalmente pelado e ainda enfiou uma baqueta no ânus, e a garota da guitarra com os seios de fora, como forma de protesto) e o público que estava possuído pelo cão. Foi um tapa na cara da sociedade conformista, conservadora, judaico-cristã. Um show que fez muita gente ter que usar a massa encefálica, ou simplesmente cérebro.

Mas foi tudo alegria? Infelizmente não...

A desgraça faz parte das ações humanas, então vou pontuar o que houve de ruim no evento...

Primeiro, um dos caras que mais faz pela cena independente de Goiânia, na semana do seu aniversário, o Segundo, teve sua banca com os CDs ROUBADOS, isso mesmo, roubados!

Logo depois, inicio de confusão no show do N.D.N.M. Não pude ver o que realmente tava acontecendo porque tava de roadie dos caras da banda.

Para piorar a situação as bandas SEÑORES e SIEMPRE LOKO não tocaram, sabe por quê? Ameaçaram o organizador, o Sr. Burns, dizendo a ele que iriam quebrar os cubos de som da aparelhagem. Eu gostaria de saber quem foi que o ameaçou dizendo isso a ele. Mas imagino quem deve ter sido...

Será que os responsáveis (ou melhor, irresponsáveis) por esses fatos estão felizes agora? Será que teremos novas iniciativas por parte do Sr. Burns? Qual será a impressão que os caras que rodaram milhares de kilômetros para tocar aqui vão ter da nossa “Goiânia Rock City”? Sinto-me envergonhado depois do fato ocorrido...

Mas não desisto jamais.

Termino ao som de Dead Kennedys : Nazi punks, fuck off.

10 de julho de 2009

One, two, three, four! CJ Ramone no Bolshoi Pub




Feliz é a palavra.
É assim que eu fico quando o rock me presenteia como ontem. Sensação de alegria, vontade de confraternizar, de pular num pé só, vontade de beber muita cerveja, de conversar até amanhecer com os amigos. Sobre os Ramones, é claro. Vontade de acordar a esposa às 3 da manhã e contar em detalhes como foi (e isso eu não fiquei só na vontade não, coitada). Feliz igual moleque em dia de festinha de aniversário. Igual quando o Atlético Goianiense foi campeão.
Arrombei meu orçamento. Fodi minha viagem de julho. E daí? Matei parte da minha frustração de não ter visto os Ramones ao vivo. Eu só tinha 16 anos e nenhuma possibilidade de ir pra Sampa em 1996, quando os novaiorquinos estiveram aqui pela última vez. Não por coincidência, ninguém da BCL representou os roqueiros da quebrada por lá, he he he! Éramos uma “crew” que não viajava muito, e você deve imaginar porquê. Acompanhamos tudo, pelos jornais e pela Rock Brigade.
Aviso a você que heroicamente chegou até essa linha do texto: isso não pretende ser uma resenha. Eu não sou um profissional do assunto, não estudei nada para isso. O que daqui para frente você lerá, se tiver paciência, é um relato pessoal de como o rock deixa um trintão feliz da vida.
Decidi ir à apresentação de CJ Ramone no Bolshoi em cima da hora, e por esse erro paguei $10 pratas a mais que muita gente. A dupla que compõe a equipe deste blog estava desfalcada de seu elemento feminino, então o rombo pelas entradas foi menor que o esperado. Eu comentarei sobre o óbvio: o Bolshoi é de longe a melhor casa que abre espaço para o rock em Goiânia, em diversos aspectos. O serviço pecou um pouco na agilidade, mas não bebi cerveja quente. O banheiro é um pouco diminuto, mas segurou a onda dentro do padrão da dignidade. Os preços da casa, velhos conhecidos de reclamões inveterados, como esse que digita aqui, são exorbitantes. Sabemos o motivo técnico para o negócio: selecionar público. E conseguem. Há pessoas em Goiânia que não se importam em pagar R$4,80 em uma cerveja long neck que custa R$2,00 no mundo real. Ou R$160 em uma garrafa de uísque nacional mediano, que em outras paragens não passa de 60 mangos. Mas se a intenção é reservar o espaço a uma parcela dos rockers pequizeiros, então eles pagam sorrindo. Não contavam com a audácia do populacho, que ontem compareceu em bom número. A ocasião pedia.
Um cardápio variado, de pratos quentes, saladas, comidinhas de boteco e amenidades. Ampla variedade de marcas das melhores cervejas européias e estadunidenses. Se você pertencer àqueles 10% situados entre a letra A e B do IBGE, é prato cheio pra entrar com a cara, ops!, rosto virado pra trás.
Uma falta que percebemos foi o reduzido estoque de Heineken 600ml. Pedimos 4, gostaríamos de ter pedido mais. Essa, oferecida a R$ 7, é a grande sacada para você, companheiro de choradeira classista, ilustre figurante no bolão C do IBGE. Após o garçom informar-nos que a garrafa de 600ml não estava mais disponível, apelamos para as long necks.
MAS E O SHOW? Ah, foi uma aula, não um show! Vamos deixar os lugares comuns pra outra hora, por favor. Vamos falar que os caras começaram com Blitzkrieg Bop! Puta que pariu... olha, eu não contei músicas, eu não anotei set list e caralho a quatro. Estava lá me divertindo, não trabalhando. Não sou jornalista. Minhas fotos ficaram uma bosta, porque não ajustei direito zoom, luz e emissão de flash. E eu te pergunto: e daí? Os caras tocaram I wanna be your boyfriend! VTNC! Judy is punk, I wanna be sedated, Beat on the brat, meu filho!!! Pouca coisa do Bad Chopper, se não me engano só dois sons. It’s a long way back to Germany, Strength to endure, Sheena is a punk rocker. Será que foi bom? Olha, lanço um desafio aos produtores de rock desta cidade: tentem fazer um show melhor que este, em 2009!
“Ah, mas o CJ nem foi tãããão Ramone assim”, ou “ele é o Ramone mais páia”, ou ainda variações destas frases perderam o sentido, se calaram, se renderam, na noite de ontem. Daniel Rey e Brant Bjork deram o suporte para que parte do sonho de muita gente se realizasse. Gabba, Gabba, Hey!
Simples e direto, mas com o amor ao ofício estampado na face quarentona e sorridente do ex-baixista dos Ramones. Carisma, simpatia, empolgação, gozo. Foi isso que vimos no palquinho do Bolshoi. Paciência com fãs mais abusados, que queriam colher autógrafos no meio do show. Experiência pra segurar a onda quando Daniel Rey atravessou um acorde num som: os músicos se entreolharam e riram do pequeno deslize. Técnica, garra, gosto, persistindo depois de tudo o que estes caras viveram. Eles estavam “lá”, minha gente! São personagens da história do rock! Sem nenhum tipo de estrelismo, o Bad Chopper endemonizou o pit.
Pequena pausa, de mais ou menos 3 minutos, e volta ao palco pra tocar mais uns 5 ou 6 sons. Saída rápida, sem frescuras nem terceira aparição no palco.
E eu lá, feliz. Sorrindo mesmo, igual bobo. Paguei a conta e mesmo depois, sorriso de orelha a orelha. Valeu a quebra do orçamento. Eu faria de novo, se pudesse.
Ninguém é de ferro. Depois disso tudo, podrão na 85 e Coca-Cola. E um relato extasiado à outra metade da equipe do blog, já em casa. Levemente embriagado e pensativo, imaginei: se fossem os Ramones, eu teria desencarnado.
CJ Ramone fez valer cada fração dos meus R$ 50. Daniel Rey e Brant Bjork idem. Quando voltarem (se voltarem) à Goiânia, farei de tudo para estar lá com o Bad Chopper. Quanto ao Bolshoi, voltarei quando a ocasião pedir. Há inúmeros lugares legais na cidade onde não preciso gastar tanto para me divertir. Sendo franco, não faz meu tipo lugar como aquele. Gosto muito de ser bem atendido, como fui ontem. Gosto mais ainda de sentar pra beber enquanto espero um show, como fiz por lá. A paisagem então, nem se fala: mulheres muito bonitas onde quer que se olhasse. Porém, sabemos onde tudo isso é ofertado a preços mais camaradas. E convenhamos, o populacho dá bandeira em pubs como o Bolshoi. Não gosto de ser detectado, sou discreto demais pra isso, nem gosto de ofender a retina régia pequizeira, com meu flagrante look “off”.
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Há poucas fotos no nosso flickr, por enquanto. Somente da câmera posicionada no mezanino. Havia uma câmera no pit a serviço do blog, de frente à banda: as fotos estão excelentes, mas ainda não chegaram às minhas mãos. Mate o gostinho com essas:
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8 de julho de 2009

Após vender a alma...

Não consigo conter a ansiedade. Resolvi agora (quarta-feira 8, 19:15h) que vou à apresentação de CJ Ramone no Bolshoi Pub, o reduto rock mais caro da cidade. E como não me preveni, pagarei $50 malandros nesse rolê, de entrada. Algo me diz que, mesmo assim, vai valer a pena.
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Extraordinariamente sexta-feira, 10 de julho, haverá por aqui algo sobre isso.
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One, two, three, four!

6 de julho de 2009

Chegou fim de semana, todos querem diversão...

...e havia inúmeras opções. O blog esteve em duas delas. O Férias Rock Festival e o Thelonious Monk. . Eu te conto:
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Uma galera muito louca aprontou mil e umas, numa tarde destas férias pra lá de animadas: FÉRIAS ROCK FESTIVAL !!!
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Meninas bonitas, meticulosamente recortadas dos clipes chorosos do Simple Plan e similares, molecada com cara de anime, rapaziada com penteados extravagantes, skatistas toscos, bikers sujismundos e muitos, muitos alargadores, tatoos, piercings e similares. Skate board, BMX, corrimão, parafina e saltos insanos. Iscas de sorvete gratuitas e sol escaldante da cidade que não tem inverno. Umidade relativa do ar baixa - o pequeno sangramento que tive no nariz acusou. Tudo isso no meio da rua, em pleno Jardim América – próximo ao PróBrazilian. É a gurizada off-circuit de Goiânia pondo pra foder, à seu modo. Também lembrou skate party que se vê em clipes gringos, como alguns do Pennywise - faça-se justiça. O Férias Rock Festival foi uma iniciativa de uma sorveteria e lan house situada na esquina da rua C-134 com a avenida C-104, a Fast Ship, e do Vitor Hugo, com seus acetonados cabelos amarelos. Um “evento pra quebrar a panela”, segundo comentários na comunidade orkuteira Goiânia Rock City, que infelizmente vem sendo o único ponto de informação sobre rock na cidade.
O lugar exalava cheiro de hormônio adolescente. Dentre as várias coisas que observei, sou obrigado a começar pela atitude da molecada. Dando banho de “faça-você-mesmo” em muito marmanjo chorão da cidade. Sem nenhum medalhão da “cena” por trás da organização, o público foi razoável. Eu esperava um pouco mais, pois não havia cobrança de ingresso. Nem mesmo pra andar na pista street improvisada do meio da rua. As bandas que vi tocando realmente não são rodadas nos palcos goianienses. E sobre os shows, não sei se a intenção era começar às 4 da tarde. Se era, foram pontuais. Se não, Goiânia que não cumpre a porra do horário Rock City. Será que sempre vai ser assim? Meus razoáveis anos nessa bagaça toda diz que posso me conformar. Mas reforço, não sei se o horário era mesmo às 16hs, para os shows.
Vi bandas que nunca tinha sacado antes. O-54 (“O” de Outono) iniciou as apresentações: rock básico, quadrado, sem firulas, bem ensaiado, alguns pequenos erros, com aquela timidez característica de moleques iniciantes. Numa aparelhagem legalzinha para o tipo do evento, o repertório curto incluiu Xuxa e Mamonas Assassinas. Panic Pronic veio em seguida, com um pouco mais de peso, numa linha mais metal (não me atrevo a arriscar rótulos nesse mundo de hoje...). A banda que teve maior apelo de público, pelo menos até onde estive presente, A+B, trouxe covers bem executados de Blink 182, a grande maioria, dessa última fase da banda americana – emo. E como boa parte da platéia presente se encaixava nessa onda já não tão nova, o sucesso foi patente. Depois, o Nova Conduta trouxe um som rápido, punk rock hardcore numa linha melódica, também bem ensaiado. No frigir dos ovos, boas bandas, considerando a pouca experiência, tecnicamente falando. Mas... (como eu adoraria escrever textos sem esse maldito “mas”), me digam pra quê aquela quantidade imensa, exagerada, pasteurizada, avassaladora, absurda, de covers? Por que meninos novos, talentosos, com um gás e uma atitude de fazer inveja, se rendem aos malditos covers? Por que seus amigos insistem em não valorizar o trabalho autoral? Como irrita ver esses amigos gritarem, após uma música autoral, a famosa frase: “- Toca isso! Toca aquilo!”. Vá para a puta que os pariu. Essa galera não vê que assim as boas músicas que eu ouvi, de autoria das boas bandas que estavam lá, nunca vão virar algo? Pois quem as compõe não se incentiva ao ver os seus amigos berrarem pra tocar sons de outras pessoas. Isso é simples e lógico. Tocar um ou outro cover é normal e até esperado. Meiar o show com músicas dos outros já é problema. Salvo o projeto que tocou que era sabidamente de covers. Pra estes, não há embuste. Saí de casa sabendo que eles só tocariam músicas do Blink 182. Esperei por sons do início da carreira da banda em vão. Desta fase nova, detesto tudo que eles fizeram. E não é por isso que eu não vou reconhecer a qualidade musical dos meninos do A+B. Aliás, de todas as bandas que eu vi.
Pelo atraso (?) inicial, não pude ficar pra ver as outras bandas. Uma pena, pois estava realmente curioso pra ouvir coisa nova. Saí às 6 e meia, quando a Aurora se preparava para tocar. Deixei de ver também a Reborni, que me foi bem recomendada.
De tudo o que pude perceber, os shows eram apenas UMA das atrações. Foi um evento que há tempos eu não presenciava. Uma sacada muito inteligente de quem organizou/ produziu. Teve a cara da molecada de hoje: intensa, que não espera que outros façam por eles, e ao mesmo tempo ingênua, com pose e circunstância que o mundo impõe à eles. Agressividade visual mesclada a uma postura quase infantil. Pouca gente bebendo, por exemplo. É bonito sentir essa energia deles, de verdade. Me dá uma saudade gostosa dos meus 18, 20 aninhos.
Não entendi o por quê de não haver um bar decente funcionando. Desculpe-me, Bibi. Não te chamei de indecente, he, he, he... mas bebericar Nova Schin, e só ela, mesmo num preço justo, é osso mermão. Investi no bar do outro lado do evento, onde achei Skol long neck por opressivos $2,50. Compare com eventos monstruosos, fosfóricos e afins e verás uma benção neste preço do boteco. Este pecado do evento, não pensar em estrutura de bar e banheiro (havia UM, unissex, para mais de 100 presentes) não chegou a comprometer o todo – não seria por isso que condenaria a gig.
Molecada, continuem. Não parem neste, façam mais festivais assim. Alimentem essa micro-cena rock da cidade. Isso é bom, agita, sacode, desembolora as coisas. Skate, BMX, sorvete e rock junto funcionou demais. Eu fiquei surpreendido. O saldo foi positivo, se é que eu realmente entendi direito o que se passou por lá: eu nunca me senti tão “fora d’água” num show de rock como neste sábado, he, he, he...

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veja algumas fotos aqui:
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Um fiel retrato da cena hardcore punk e metal de Goiânia. Thelonious Monk, Casa das Artes.

São 15:35h. Paro a moto em frente ao prédio da Casa das Artes. Absolutamente ninguém na porta. “- Ué, será que cancelaram? Fiz uma cera danada pra chegar um pouco mais tarde...”. Portas de aço baixadas, calçada vazia, angústia. Do outro lado da Anhanguera, o Bibi buzina, contorna, e pergunta ao descer do carro: cadê a galera? Não sei mesmo, cara. Largo a moto por lá e vou até a praça próxima dali, esperar. Tem sorvete, cerveja e tudo mais por lá, ajuda a passar o tempo. No caminho, encontro dois companheiros de fé, que me inquirem esperançosos, segurando um Cantina da Serra: eaê, começou lá? Devem me conhecer dos orkutes da vida, pois nunca os vi. Digo a eles: há somente o cara do bar lá na porta, com 4 barras de gelo derretendo.
Eu ainda não aprendi. Tenho essa mania feia desde moleque. Sou estranhamente pontual. Sou uma aberração, numa cidade que não usa relógio. Não sou fanático. Tolero variações, sou adepto à elas. Aliás, já trabalho minha agenda diária levando-as em conta. O mundo não gira em torno do meu umbigo, eu sei. Chego a me perguntar: será que eu li errado no e-flyer? Júlio WCM confirma que não: realmente era 14:00h mesmo. São 16:30h. Alguns gatos pingados das bandas que vão tocar estão na porta do antigo CETE. Não sou crooner, então desencanei do relógio nesse momento, em que notei que nem ao menos o som estava montado às 17:00h. Bom, o público do evento podia reclamar. Eu te pergunto: Que público? Numa olhada rápida, havia no máximo dez almas infernais esperando o levanta-poeira. Os outros dez eram integrantes das bandas, que no fuso-horário Goiânia Rock City, deveriam estar tocando pelo menos a partir das 16h. Te lembro, caro leitor, não sou fanático, jamais cobraria aqui um show de domingo se iniciar às 14h.
Matei a tarde do domingo toda ali. Desempolguei. Cansei. Estressei. Seria esse o momento de eu levantar o meu dedo indicador e arremessar a culpa nos ombros do mundo todo, ou no mínimo de quem eu tinha no meu campo visual naquele grotesco domingo na Casa das Artes? Não. Esse é o momento que me faz pensar: que porra é essa de cena? Por que, apesar de haver gente que trabalha e tenta, as coisas não fluem? Por que não havia, às 18:30h (olha o relógio, he he he...) literalmente NENHUM novato assistindo ao início dos shows? Sou capaz de citar, nome a nome, quem estava lá. As mesmas dezenas de sempre. É um ciclo vicioso. Os produtores já sabem que não tem público no horário, então eles atrasam a parada. Quando há vários imprevistos como ontem (por volta das 17h, não havia sequer bateria montada), mais atraso. Tinha gente nova na organização: o coletivo GirlPowerUnder. Falei com a Kemy um pouco antes dos shows, e fiquei com um misto de pena e sensação de impotência. Nada podia fazer pra ajudar. Quando o público chega, vemos os mesmos vícios de sempre. O mais foda deles é a mania de pensar que show não tem custo, ou ainda que quem faz o evento nada em dinheiro. Daí, a certeza de que “eu sou especial, posso entrar sem pagar”. Leitura errada do que pode ser a cena hardcore, moçada.
Lá dentro, escadarias, Bibi e sua maldita Nova Schin. Eu não mereço, parceiro. Banquinha montada, bem freqüentada, a parte mais legal do pré-show. Trocar idéia com nerds como o Pedrinho é sempre bom. Ele é minha atual fonte de informações sobre o que é quentura nos players da vida. Rever os velhos camaradas também é massa. Ensaiei um quibe da Tia Kemy, mas minha gastrite severa mal curada desde janeiro me disse que não era uma boa idéia. Ficou pra próxima.
Um puta som, mal regulado, o que é uma pena. Vi o show do Luta sem Descanso. A guitarrista extremamente técnica estava lá. A baixista boa de serviço também. O vocal cansativo da menina front-woman idem. A baterista que não inventa demais, e por isso é boa, lá. O que não estava era o mesmo tesão de um show que eu vi dessas meninas no Martin Cererê. Se não me falha a péssima memória que tenho, foi no mesmo dia em que o Biggs tocou. Saí do pit com o nome delas na cabeça. Assisti ao show, nesta feita, maravilhado. Disse pra um bróder, na ocasião: meu, onde essas meninas estavam? Mas ontem, não foi o dia. Show burocrático. Meninas, agora que voltaram, vou esperar outro show fodástico como aquele do Martin, viu? Como eu sei que vocês conseguem, to no aguardo.
Final de show das meninas, passagem de som do Corja. Passagem de som? Sim. Com tudo montado somente às 18:30h, nenhuma banda passou som, afinou instrumentos, enfim. Não deu pra mim. Precisava ir embora. Sacanagem maior foi a rapaziada começar “Supernaut” e não terminar, durante a passagem. É a minha predileta do Volume 4. Gostaria muito de ter visto o show do Corja, há anos que não vejo. Mas a circunstância não permitiu. Sociofobia, Warnoise, Black Skull, desculpe-me.
Por mais que você, leitor, queira que eu vá apontar o dedo para eleger culpados, eu não o farei. Eu preciso sim é me adequar. Vamos parar de falar do ideal e abraçar o real. Gigs hardcore punk ou metal se tornaram rodas de biriba. Eu que não sou tão entrosado assim, já conheço até as fofocas da galera. O que me anima é ver que tem gente ainda afim de produzir. As meninas do coletivo GirlPowerUnder estão de parabéns pela iniciativa, e eu lamento demais todos os contratempos. Eu vou estar, com absoluta certeza, no próximo evento de vocês. Seja em parceria com a calejada TBONTB ou não. No próximo, eu quero me ater ao show, ao espaço, com gosto. Ontem, meu humor foi amargamente temperado pela maior espera da minha vida por um evento cultural.
Produtores de hardcore, punk, metal e afins: perguntas novas precisam ser feitas. Neste espaço, eu pretendo contribuir, provocando, debatendo, abrindo as portas. Precisamos chegar a uma síntese rápido, para guiar a práxis. Refutamos (sim, eu me incluo) e tripudiamos do discurso de profissionalização do rock na cena goianiense. Será que ele é de todo ruim? Não há nada lá que possamos aproveitar? Na história, são muitos casos em que para haver a revolução, foi necessário um recuo estratégico. E são também muitos os casos em que, através do radicalismo sectário, projetos inteiros de transformação social se perderam.
Talvez, a entrada na terceira década de existência tenha comprometido minha paciência. Pode ser. Coisa de “velho”, querer voltar pra casa no horário programado. Minha esposa operária na pressão pra ir embora, porque hoje às 5:40h ela estava de pé. Tiro a razão dela? De repente, chegou a hora de eu baixar a coleção do Thelonious Monk, comprar uma boina e um pulôver xadrez (eu já uso óculos) e apreciar charutos. Quem sabe.
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veja poucas fotos aqui, que não ficaram legais porque minha máquina fotográfica não é nada boa para ambientes escuros:
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Ouça Thelonious Monk em ação. Eu não conhecia, virei fã. Jazz é louco. Créditos do Blog "Ai, que Jazz!":
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