Um sábado passado por aí foi dia de rock na residência da família Alemão. Celebrar é preciso, sempre, mesmo sem motivos aparentes, vai por mim. Separei uns CD’s que há tempos não ouvia: Sonic Youth, Radiohead, Fugazi. É necessário atmosfera, meus jovens. Os casados devem me entender melhor.
Preparei uma janta massa: lombo assado com pimenta verde, talharim ao molho de champignon. Nada soberbo, nada esnobe. Mas no capricho e bem feitinho.
Para acompanhar etilicamente, um achado: pra quem curte vinho, já deve ter visto em redes de hipermercados alguns títulos legais. E preços acessíveis. É óbvio que nada de extraordinário. Vinhos legais pro dia-a-dia. A vida ainda não me permite gastar três dígitos em uma garrafa. Em um desses mercados, encontrei uma garrafa de legítimo Dão, tinto que só, porrada nos sentidos. Barato, o que me deixou muito feliz. E neste dia de rock a dois, aqui vai ele.
Entre uma troca de discos e outra, um outro achado supimpa de 2008: excelente relação custo-benefício, nacional, ou melhor ainda, regional. O selo de procedência não é dos meus prediletos, poucos títulos me empolgam por lá. Mas este em especial me surpreendeu. E isso não me sai da memória sensorial: que disco massa esse do Motherfish. Ele foi o disco que tocou na hora da diversão: carne + vinho + massa + mulher bonita + boa música = puta sábado. Uma simples e eficiente equação.
Ao abrir o disco, não se deixe enganar pelo primeiro gole. As músicas iniciais remetem a um monte de coisa boa, mas de modo peculiar sempre: Cure, Radiohead, pop britânico. Parece que vai ficar somente nisso. Mas não, deixe seu paladar musical trabalhar um pouco. Não se apresse. Vá ouvindo detalhes. Até um Ramones é evocado nesse exercício. A atmosfera criada vai se tornando cada vez mais própria, mas intimista. Até que o grandioso chega: Kerouac Days, som pra te deixar melancólico. Docemente melancólico. Regado à vinho português então, virge...
E no final, relaxe e deguste os últimos goles do melhor que a terra goiana oferece. O Motherfish é despretensioso. É competente. Dosa bem a boa ironia, com uma melancolia que não chega a ser amargosa, nem forçada. E taí no seu quintal, mermão. Sem regionalismo pedante.
Outros sábados acontecerão degustando boa música feita na “quinta” República. Fica aqui uma impressão pessoal e uma recomendação. Longe de ser uma crítica, a intenção foi dividir coisa boa com você. Aproveite.
Aprecie sem moderação:
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