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HC Attack, no Capim Pub, 24/01/09. Um rolê punk como há muito tempo eu não via. Um esquema massa, muitos amigos e conhecidos, barulho de primeira qualidade (por mais contraditório que isso possa soar), cerva gelada e casa lotada. Perfeito. Maravilhoso, para quem tem referências neste universo da cena.
O Capim Pub é do tipo de lugar que já é lendário. Será papo de velhos saudosistas daqui a algum tempo. É tido como a casa verdadeiramente underground da cidade. Tem uma história legal, de abrir as portas pra bandas iniciantes e produtores que não tem tanta grana ou patrocínio pra gastar. Desperta apaixonados debates na cena, sobre o que é ou não é ser alternativo. É visto como o reino da tosqueira, nas duas acepções mais comuns do termo aqui na cena goianiense. Referência no universo punk/hardcore e metal. Por tudo isso, eu me sinto em casa naquele lugar. Mas, será que pra quem não é “da galera”, não é iniciado, o Capim Pub é uma atração que vale a pena? Isso me martelou na cabeça mesmo antes de sair de casa.
Rolê no Capim, pra equipe do Rango Rock, começa no hipermercado bem próximo dali. Sabemos da oferta de cervejas do pub, freqüentamos o espaço há muito tempo. Então, alguns goles de cerva boa e barata antes de chegar ao evento. Evoco uma expressão que fez relativo sucesso em nosso texto passado, agora toda em maiúsculas, pois vi que tenho companheiros na causa: GOIÂNIA-QUE-NÃO-CUMPRE-A-PORRA-DO-HORÁRIO-ROCK-CITY. Cara, isso é foda. Grande parte do problema no HC Attack (e qualquer outro evento na casa) esteve no próprio público: às 14 horas, o Capim estava jogado às moscas. Não havia ninguém lá. Voltamos pra casa, literalmente. Moramos próximos dali (2 ou 3 quilômetros).
De volta às 3 e meia, mesma cena. Desconfiamos sobre um cancelamento do evento, mas não. Era atraso mesmo. Voltamos para o hipermercado, mais algumas “verdinhas” geladas, para retornarmos às 4 e alguma coisa. Surpresos? Jamais. Tínhamos exata noção de que ia ser assim. Por isso, estávamos relaxados. Na área descoberta, nos fundos do Capim, um papo massa com gente massa (Pedro, seu nerd! he, he, he...). Isso faz a diferença por lá. Som, cerveja, amigos, relax.
Os shows começaram próximo das 18h. A rapaziada do Sevandija, projeto dos caras do Ressonância Mórfica, arregaçou com grindcore potente, e um cover inusitado de Titãs. Esses moços destilam agressividade musical, numa performance bombástica. Não há como não lembrar da bíblia do estilo; Napalm Death no início da insanidade. Bom projeto paralelo, moçada. O d-beat europeu do Death From Above me fez lembrar da minha primeira fitinha K-7 do Discharge, “Hear nothing (...)”. Virulento. Soa como clássico. Pôs a galera pra bailar. Quando a experiência e a competência do ARD subiu ao palquinho apertado, o calor já dominava o ambiente, deixando a galera mais agitada ainda. O ARD mostrou um pouco da sua história e justificou porque pode ser chamado de lenda do hardcore brasiliense. Show solto, descontraído, como a maioria que rola no Capim. Com toda a certeza, a temperatura interna estava acima dos 30 graus. Eu pensava nos suecos do Civil Olydnad: deviam estar passando maus bocados aqui nos trópicos. Chuva, umidade e calor, muito calor.
Um pouco tímidos no palco, mesmo tocando. Mas o som era coisa fina de se ouvir: um punk rock rápido, sem virtuosismos desnecessários, direto. O bando de malucos escandinavos só reforçou a “verdade” de que o lugar lá é um celeiro de rock massa. O “obrigado” com sotaque, após cada som, era uma forma de expressar o que se via no rosto dos caras: eles piraram pra galera, que fez do Capim o portal do inferno! Pogo insano no pit, covers mais inusitados ainda: Galinha Preta e RDP. E mais uma vez o Rango Rock foi prejudicado pelo atraso no início de um evento: tínhamos compromisso inadiável, e saímos antes da apresentação do Atomic Winter, que se iniciou bem depois das 8 da noite. Pena, de verdade. O que vimos nos deixa na obrigação de parabenizar Natal e Segundo: puta escalação de responsa. Nenhuma banda verde.
Se valeu a pena? Não via algo assim há muitos anos, já disse. A cerva lá é cara, mas estava gelada. Sugiro ao Afonsinho que tenha mais Brahma no estoque da próxima vez, e não me obrigue a tomar Bavária. Não há mesas, cadeiras, conforto... e quem se importa? O fuso horário de 4 horas de atraso não foi problema insuperável, eu já sabia dele. Não há o que comer, embora um misto quente esteja anunciado numa empoeirada tabela de preços. Aliás, quem é “de casa” improvisou um rango ali antes do evento. Não me aprofundarei pra não falar daquilo que não fui chamado à comentar, he he he...não há banheiro decente, e eu poderia continuar a lista do “não há” com muitos outros caracteres. Mas eu prefiro a lista do “Há”. Há atmosfera de amizade, sinceridade, verdade. Há música boa. Há relax, há menos pose, há descompromisso com inúmeras outras relações que perpassam por profissionalismo da cena. Proposital mesmo. É a velha espontaneidade adolescente do hardcore. Há gente que busca isso. O “clube” é reduzido, mas não é fechado, e a prova de admissão pode ser muito bem um evento no Capim Pub.
Quem não é “iniciado” tem que ter em mente o que vai “comprar” quando topa ir ao Capim. Tentei me colocar na pele de alguém que não fosse do “clube”, e imaginei que eu iria embora às 4 da tarde, após esperar mais de duas horas pelo evento. Ou quem sabe ao tomar ciência das marcas de cerveja oferecidas. Até mesmo ao ver o banheiro masculino. Depende. E vale a pena, pro moleque que nunca pisou por lá e nunca esteve na “cena”? Olha, a julgar pelo que ouvi de alguns alunos meus que estavam lá, sim. Parece que foram contaminados pelo vírus da tosqueirice. Penso que entender o que se passa em um evento deste não é da boa vontade de todos, mas se isso ocorre, o hardcore se fortalece naquilo que ele tem de mais verdadeiro.
O Capim Pub é a extensão do quintal de casa (ou da sacada do apê, no meu caso). Entra, pega emprestada uma bermuda, põe a havaiana azul com branco e relaxa. É positivo isso? O Rango Rock acha que sim. Mesmo bebendo a maldita Bavária. Mesmo esperando quatro horas pelo evento, mesmo de pé o tempo todo. E só vai concordar quem tem o vírus do hardcore correndo nas veias. Aqueles que não, vão continuar achando que não vale a pena, que é porco, sujo. Pelo que vi sábado, estes não fizeram, não fazem e nunca farão falta alguma.
O Capim Pub é do tipo de lugar que já é lendário. Será papo de velhos saudosistas daqui a algum tempo. É tido como a casa verdadeiramente underground da cidade. Tem uma história legal, de abrir as portas pra bandas iniciantes e produtores que não tem tanta grana ou patrocínio pra gastar. Desperta apaixonados debates na cena, sobre o que é ou não é ser alternativo. É visto como o reino da tosqueira, nas duas acepções mais comuns do termo aqui na cena goianiense. Referência no universo punk/hardcore e metal. Por tudo isso, eu me sinto em casa naquele lugar. Mas, será que pra quem não é “da galera”, não é iniciado, o Capim Pub é uma atração que vale a pena? Isso me martelou na cabeça mesmo antes de sair de casa.
Rolê no Capim, pra equipe do Rango Rock, começa no hipermercado bem próximo dali. Sabemos da oferta de cervejas do pub, freqüentamos o espaço há muito tempo. Então, alguns goles de cerva boa e barata antes de chegar ao evento. Evoco uma expressão que fez relativo sucesso em nosso texto passado, agora toda em maiúsculas, pois vi que tenho companheiros na causa: GOIÂNIA-QUE-NÃO-CUMPRE-A-PORRA-DO-HORÁRIO-ROCK-CITY. Cara, isso é foda. Grande parte do problema no HC Attack (e qualquer outro evento na casa) esteve no próprio público: às 14 horas, o Capim estava jogado às moscas. Não havia ninguém lá. Voltamos pra casa, literalmente. Moramos próximos dali (2 ou 3 quilômetros).
De volta às 3 e meia, mesma cena. Desconfiamos sobre um cancelamento do evento, mas não. Era atraso mesmo. Voltamos para o hipermercado, mais algumas “verdinhas” geladas, para retornarmos às 4 e alguma coisa. Surpresos? Jamais. Tínhamos exata noção de que ia ser assim. Por isso, estávamos relaxados. Na área descoberta, nos fundos do Capim, um papo massa com gente massa (Pedro, seu nerd! he, he, he...). Isso faz a diferença por lá. Som, cerveja, amigos, relax.
Os shows começaram próximo das 18h. A rapaziada do Sevandija, projeto dos caras do Ressonância Mórfica, arregaçou com grindcore potente, e um cover inusitado de Titãs. Esses moços destilam agressividade musical, numa performance bombástica. Não há como não lembrar da bíblia do estilo; Napalm Death no início da insanidade. Bom projeto paralelo, moçada. O d-beat europeu do Death From Above me fez lembrar da minha primeira fitinha K-7 do Discharge, “Hear nothing (...)”. Virulento. Soa como clássico. Pôs a galera pra bailar. Quando a experiência e a competência do ARD subiu ao palquinho apertado, o calor já dominava o ambiente, deixando a galera mais agitada ainda. O ARD mostrou um pouco da sua história e justificou porque pode ser chamado de lenda do hardcore brasiliense. Show solto, descontraído, como a maioria que rola no Capim. Com toda a certeza, a temperatura interna estava acima dos 30 graus. Eu pensava nos suecos do Civil Olydnad: deviam estar passando maus bocados aqui nos trópicos. Chuva, umidade e calor, muito calor.
Um pouco tímidos no palco, mesmo tocando. Mas o som era coisa fina de se ouvir: um punk rock rápido, sem virtuosismos desnecessários, direto. O bando de malucos escandinavos só reforçou a “verdade” de que o lugar lá é um celeiro de rock massa. O “obrigado” com sotaque, após cada som, era uma forma de expressar o que se via no rosto dos caras: eles piraram pra galera, que fez do Capim o portal do inferno! Pogo insano no pit, covers mais inusitados ainda: Galinha Preta e RDP. E mais uma vez o Rango Rock foi prejudicado pelo atraso no início de um evento: tínhamos compromisso inadiável, e saímos antes da apresentação do Atomic Winter, que se iniciou bem depois das 8 da noite. Pena, de verdade. O que vimos nos deixa na obrigação de parabenizar Natal e Segundo: puta escalação de responsa. Nenhuma banda verde.
Se valeu a pena? Não via algo assim há muitos anos, já disse. A cerva lá é cara, mas estava gelada. Sugiro ao Afonsinho que tenha mais Brahma no estoque da próxima vez, e não me obrigue a tomar Bavária. Não há mesas, cadeiras, conforto... e quem se importa? O fuso horário de 4 horas de atraso não foi problema insuperável, eu já sabia dele. Não há o que comer, embora um misto quente esteja anunciado numa empoeirada tabela de preços. Aliás, quem é “de casa” improvisou um rango ali antes do evento. Não me aprofundarei pra não falar daquilo que não fui chamado à comentar, he he he...não há banheiro decente, e eu poderia continuar a lista do “não há” com muitos outros caracteres. Mas eu prefiro a lista do “Há”. Há atmosfera de amizade, sinceridade, verdade. Há música boa. Há relax, há menos pose, há descompromisso com inúmeras outras relações que perpassam por profissionalismo da cena. Proposital mesmo. É a velha espontaneidade adolescente do hardcore. Há gente que busca isso. O “clube” é reduzido, mas não é fechado, e a prova de admissão pode ser muito bem um evento no Capim Pub.
Quem não é “iniciado” tem que ter em mente o que vai “comprar” quando topa ir ao Capim. Tentei me colocar na pele de alguém que não fosse do “clube”, e imaginei que eu iria embora às 4 da tarde, após esperar mais de duas horas pelo evento. Ou quem sabe ao tomar ciência das marcas de cerveja oferecidas. Até mesmo ao ver o banheiro masculino. Depende. E vale a pena, pro moleque que nunca pisou por lá e nunca esteve na “cena”? Olha, a julgar pelo que ouvi de alguns alunos meus que estavam lá, sim. Parece que foram contaminados pelo vírus da tosqueirice. Penso que entender o que se passa em um evento deste não é da boa vontade de todos, mas se isso ocorre, o hardcore se fortalece naquilo que ele tem de mais verdadeiro.
O Capim Pub é a extensão do quintal de casa (ou da sacada do apê, no meu caso). Entra, pega emprestada uma bermuda, põe a havaiana azul com branco e relaxa. É positivo isso? O Rango Rock acha que sim. Mesmo bebendo a maldita Bavária. Mesmo esperando quatro horas pelo evento, mesmo de pé o tempo todo. E só vai concordar quem tem o vírus do hardcore correndo nas veias. Aqueles que não, vão continuar achando que não vale a pena, que é porco, sujo. Pelo que vi sábado, estes não fizeram, não fazem e nunca farão falta alguma.
2 comentários:
Belo texto.
Lá sempre tem uns amendoins, batatas, jujubas. Não gosta de comer porcarias? hehehe...
esse dia não tava aqui em goiânia, mas se tivesse teria ido lá... Grande Ímpeto . harcore sujo do maal. e o Afonsin gente boa pra caralho, ex Chaxina. Abraços.
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