27 de junho de 2011

O último Birita: melhor foi ir de estômago cheio.

Foi um dos finais de semana mais agitados dos últimos meses para nós, a equipe do blog: dois casamentos de amigos, sendo padrinhos em um, com as respectivas festas – ambas muito boas. Festas juninas por aí e de um dos colégios onde trabalho. Duas apresentações com minhas bandas: Palmatória, no sábado e Tirei Zero no domingo, na programação do Birita Rock Atitude, quintal do Fabiano na Nova Suíça. Ufa, sobrevivemos.

Não fomos a nenhuma casa indicada em Goiânia pelo festival Brasil Sabor, comentado por aqui uns textos atrás. Não pelos valores, havia várias opções bem acessíveis. Mais pelo cardápio: incrivelmente, mais de 30 opções de pratos, e nenhum nos seduziu. Alguns triviais demais para tirar algum incauto de casa. Onde já se viu oferecer estrogonofe de carne fast-food em festival gastronômico? A agenda apertada e a falta de criatividade dos chefs da capital de Goiás fizeram com que este blog aguarde a 7ª edição do evento.

Comer bem sem precisar enfrentar trânsito e convenções sociais é sinônimo de cozinhar em casa. Qualquer pessoa minimamente interessada em gastronomia não teria dificuldade alguma em executar as receitas oferecidas pelas casas goianienses participantes do festival Brasil Sabor. No sítio da internet deles estavam todas elas disponíveis. Então, nos perguntamos: qual o sentido de pagar mais, para comer algo que era previsível? Domingo na cozinha dos apertados 58m².

A qualidade do que será seu almoço começa pela escolha dos ingredientes. Treine como escolher uma boa peça de carne. Pesquise na internet os cortes adequados, leia bastante antes de comprar. Dá um resultado fantástico.

O miolo da alcatra é muito saboroso quando fica no ponto certo: não pode assar demais, pois tende a secar rápido. Compre uma peça inteira e limpa. Não é falta de educação pedir ao açougueiro que trabalhe a peça para você. Mais ou menos um quilo é o ideal para a receita que eu tenho aqui. A minha tinha 1,2 kg. Serve fácil quatro pedreiros.

Com verdadeiro espírito de monge, fure a peça e massageie alho, uma pitada de pimenta calabresa seca, quatro folhas médias de louro, alecrim fresco (um ramo servido), duas cebolas médias, pimenta bode vermelha e verde, molho shoyu bom e um limão. Isso tudo descansa com duas camadas de sal grosso: uma forrando o fundo da marinada, a outra por cima da carne. Vinte minutinhos. Sal comedido, pois eu exagerei um pouquinho e senti depois. Forno pré-aquecido médio, uns 225°C. Enquanto marina tudo, cozinhe no ponto “al dente” algumas batatinhas tipo conserva em sal e azeite, com casca e tudo, obviamente higienizadas. Organize tudo na sua assadeira de vidro – carne, molho, temperos, batatas cozidas. Faça uma cama de cebolas cortadas na vertical para colocar o miolo de alcatra para assar. Tudo posto, mande um generoso fio de azeite sobre tudo. Cubra com alumínio e vá beber ouvindo música.

Um arroz branco com alho e cebola, simples e por isso fantástico, solto grão por grão, é um parceiro e tanto. Em um dia mais iluminado passarei aqui uma dica infalível para este ponto de arroz. Stella Artois trincando dá as mão numa boa com a carne também. No Bretas Jaraguá encontramos a cerveja por R$ 1,89. Algo meio tabelado, se você acompanha esta marca.

Trinta minutos no seu forno, vire a carne e tire o papel alumínio. Mais ou menos uns vinte minutos depois, faça uma prova. A minha estava no ponto perfeito: macia e suculenta por dentro, casquinha tostada por fora. Levemente salgada por carregar a mão na hora de mariná-la. Alecrim e louro ficaram bem juntos, ambos perceptíveis no paladar. Picante também, pois a pimenta calabresa é forte, sugiro que entre somente como um “plus”, para não arruinar seu prato. A pimenta bode entra como toque estético, para colorir a carne. É inofensiva se usada comedidamente. Autocrítica: nota 7,5. Médio-bom. Olha ela sorrindo pra você na cabeça desta postagem de hoje...Desculpe minha pouca habilidade com uma câmera fotográfica. Idem com a apresentação do prato.

No Birita Rock Atitude, a mesma casa, o mesmo banco, as mesmas ervas relaxantes e o mesmo jardim. O mesmo pesticida rotulado Nova Schin servido como se fosse cerveja. O mesmo pingorante vai-com-jesus-e-o-carcará a incríveis R$ 0,10. Salgados tipo cantina de colégio. Pedrinho, o Orc, não passou no teste de cardápio do evento. Bandas, muitas bandas. Dois dias de festa. Todas com o selo de qualidade Birita. A mesmice divertida de sempre. Amigos por ali, histórias engraçadas, chapação. Com certeza, um dos eventos mais bacanas da cidade. A fórmula gasta só demonstra que funcionou bem, por uma década inteira. A vizinhança da Nova Suíça nunca mais será a mesma sem o Birita Rock Atitude. E como foi bom descobrir que na distribuidora de bebidas bem próxima havia Heineken gelada. Melhor ainda foi fechar a noite entupindo-me de caldo no Setor Aeroporto em excelente companhia. Não julgo os caldos, pois meu paladar saiu correndo na terceira ou quarta Heineken horas antes. Minha língua já estava grossa: a coitada da Itaipava Premium que tomamos no bar dos caldos não me disse nada. Os amigos, com todo o pacote de atrativos e repulsivos que trazem juntos, ainda são a melhor coisa que se tem na vida. Tá, soou piegas mesmo. Afinal, já está patente minha falta de inspiração para esta postagem. Quando será que estarei livre completamente dos últimos sinais desta maldita depressão?

Sobre a música na noite do quintal de Fabiano? O tempo parou, há anos, em Goiânia. Não sei lhe dizer se isso é bom ou ruim. Ontem colou, não sei até quando comigo.

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